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Energia do Amanhã

A ENERGIA DE HOJE SERÁ A MESMA DE AMANHÃ?

Em um mundo recente, mas impossível atualmente por conta dos motivos óbvios da pandemia, estive em um evento na Japan House em São Paulo, onde a discussão orbitou sobre o futuro da energia no mundo. A contribuição do debate foi tão interessante que me motivou a compartilhar com você, leitor, que acompanha nossos textos.

Como já temos discutido e mostrado em artigos anteriores, aproximadamente 66% da energia consumida na Terra é de origem fóssil e, deste montante, 19% é consumido na forma de eletricidade propriamente dita. Segundo estudos da Bloomberg, os próximos 30 anos (2020 @ 2050) serão voltados à redução da emissão de gás carbônico para a atmosfera. Como já temos visto, as mudanças na sociedade por conta da tecnologia estão cada vez mais rápidas, portanto, não é muito difícil acreditar que os próximos 5 anos terão transformações maiores do que os últimos 50 anos. Um belo exemplo disto: há 20 anos você nem pensava em pedir uma pizza diretamente pelo seu celular, até mesmo porque, provavelmente, você nem possuía um celular em 2001. E pensando na cadeia energética, qual a pegada  de carbono da pizza que você pede do sofá da sua casa? Já parou para pensar o quanto de fuligem é emitido todo o dia em São Paulo pelas, aproximadamente, 6.500 pizzarias da cidade com as chaminés queimando lenha sem nenhum tipo de filtro?

Mas afinal, olhando pela ótica energética, quais são estas mudanças?

Eu, particularmente, acredito que a mudança será estrutural e estará na essência de como produziremos, distribuiremos e consumiremos a energia. Nossas redes de transmissão estão desatualizadas e com certeza deverão ser revitalizadas. Com o crescimento da energia solar fotovoltaica no mercado residencial e comercial deveremos melhorar os sistemas de fluxo bidirecional de energia, obrigando o setor elétrico a ser cada vez mais flexível com o consumidor final, gerando a própria energia. O advento do carro elétrico, cada dia mais presente, mudará também o perfil energético de carregamento das baterias dos carros, quando as pessoas chegarem do trabalho no início da noite.

O futuro da energia com certeza será o do “E” e não do “OU”, ou seja, será híbrido, alimentado pelo sol e vento, suportado pela biomassa em grandes sistemas de cogeração de energia no setor do agronegócio e com baterias nos centros urbanos. A geração de energia distribuída nos permitirá escolher de qual fonte compraremos energia originalmente e, sendo assim, o grande desafio da ONS (Operador Nacional do Sistema) será manter a estabilidade do sistema elétrico do país com diversas fontes injetando energia ao mesmo tempo.

A conscientização das pessoas deve ter papel importante no consumo energético, optando por produtos com cadeias sustentáveis, mais eficientes e, portanto, mais limpos. A recuperação energética a partir de resíduos sólidos urbanos deve se transformar em realidade, principalmente pela falta de espaço para continuarmos enterrando lixo, como fazemos hoje.

O futuro também mira na eletrificação dos transportes, primeiramente não em crescimento, mas sim em substituição das fontes fósseis. A inteligência artificial irá dominar a operação das novas redes energéticas, com controles cada vez mais aprimorados e próximos do que conhecemos por smart grid. E, sendo assim, como ficarão os empregos do setor de geração, transmissão e distribuição de energia? Será que estamos preparados para esta ruptura na cadeia existente de mão de obra? Nosso sistema de ensino está apto a preparar engenheiros e administradores para esta nova era?

Como será o consumo energético de nossas casas inteligentes, com persianas automatizadas, aparelhos de ar condicionado e televisão controlados pelo celular ou por uma inteligência do tipo Google, Amazon, Apple ou similares? Mudaremos nossos hábitos no período pós pandemia? Voltaremos a ir ao cinema com a mesma frequência, ou cada vez mais colocaremos telas de 70 polegadas em casa e continuaremos pedindo pizzas?

A realidade é que a cada dia surgirão mais perguntas, e cada pergunta terá cada vez mais de uma resposta. As nossas ações serão determinantes para a mudança energética de nossas casas, cidades, estados e países.

E como você está agindo nesta transição energética? Já possui energia solar em casa, seja ela para aquecimento ou fotovoltaica? Procura eletrodomésticos mais conectados e eficientes? Já possui um carro elétrico ou pretende comprar um? Acredita mais nos carros híbridos?  Está preocupado com a cadeia energética das empresas das quais você consome os produtos? Prefere produtos com menos embalagens plásticas? Utiliza recipientes retornáveis? Separa o lixo orgânico do reciclável?

Conte para nós o que você faz para ajudar o meio ambiente!

Obrigado pela leitura!

Sobre o Autor: Carlos Eduardo Oliveira

Engenheiro Mecânico - Diretor da Renova Consultoria e Consultor especializado em energia renovável e eficiência energética

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