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Energia no Brasil

Continuando nossa série de artigos sobre energia, o foco agora é mostrar ao leitor como estão divididos a oferta e consumo de energia no Brasil. Talvez você ainda não tenha pensado a respeito de quanta energia consome de verdade, até mesmo porque não é muito comum vermos dados sobre este tipo de assunto na mídia de amplo acesso. Iremos tentar por esta série de artigos, mostrar isso para todos de uma forma bem clara.

Uma instituição brasileira que trabalha muito bem e possui ótimos técnicos é a EPE – Empresa de Pesquisa Energética. O Brasil possui um time de peso neste assunto, sempre promovendo dados atuais e com muita clareza, o que possibilita a todos os profissionais do setor conhecer a realidade energética do país e desta forma, prever comportamentos futuros.

Inicio mostrando nossa oferta interna de energia (OIE) e também o consumo final por fonte com uma comparação entre nossa realidade em 2010 e 2019. Os dados expostos abaixo foram extraídos do documento BEN – Balanço Energético Nacional – Edição de 2020, de autoria da EPE.

Como podemos observar na figura acima, e também como já explanado em nosso primeiro artigo, o Brasil é um país ímpar no mundo quando olhamos a nossa matriz energética. Possuímos uma parcela de energia renovável muito grande e o mais importante é que ainda temos um alto potencial de crescimento deste tipo de energia mais limpa do que as fontes fósseis.

Um ponto de esclarecimento que pretendo trazer com este texto é a diferença entre matriz energética e matriz elétrica. Por hábito, estamos acostumados a ouvir que 60% – 70% da energia do Brasil vêm de fontes hídricas, mas por que esta figura mostra a fonte hidráulica com apenas 12,4% de nossa oferta interna de energia? Isto ocorre porque a OIE contempla todas as nossas fontes de energia primária e não somente a energia elétrica que consumimos. A importância de sabermos disto é tão grande quanto a necessidade de melhorarmos o uso da energia elétrica. Como consumidores, devemos procurar sempre os produtos mais eficientes. Entre estes produtos podemos destacar os veículos automotores, que consomem combustíveis e infelizmente possuem eficiência baixíssima. Você sabia que o motor do seu automóvel comum tem aproximadamente 28% – 30% de eficiência? Ou seja, a cada 10 litros de combustível que você coloca no tanque de seu carro, apenas 3 litros viram movimento efetivamente. Já imaginou quanta energia é desperdiçada em uma caminhonete com tração nas 4 rodas, com 200 cv de potência, consumindo óleo diesel para andar em ruas asfaltadas?

A figura abaixo ilustra o consumo final de energia dividido por fonte. Neste caso, estamos enxergando o cenário total de energia do país e não apenas a eletricidade. Obviamente, alguns consumos são destinados à produção de eletricidade também, e por isso precisamos discutir assuntos importantes em pauta atualmente como carro elétrico e energia solar fotovoltaica.

Podemos observar um pequeno avanço percentual no consumo de etanol, o que é um bom indicador na relação de consumo de combustíveis líquidos na área de transportes. A utilização do etanol, que é o principal biocombustível brasileiro, é motivo de orgulho para todos nós brasileiros porque a cadeia de produção do etanol brasileiro é uma referência mundial no quesito sustentabillidade, pois aqui temos a oportunidade de escolher com qual combustível queremos abastecer nossos carros, e sendo assim podemos sempre fazer a escolha em sermos mais gentis com o meio ambiente. Também enxergamos um aumento no consumo percentual de eletricidade que deve ser uma tendência de futuro, pelo crescente nível de automação e eletrificação em nossas casas e indústrias. Este número deve ser mais impactado ainda dependendo do avanço dos carros elétricos, que com certeza exigirão maiores adaptações em nossa rede de infraestrutura elétrica.

Em resumo, a oferta interna de energia no Brasil permanece praticamente inalterada em números percentuais na última década, o que de certa forma nos mostra que por mais que nós enxerguemos que estamos em um caminho melhor em relação à sustentabilidade, ainda temos muito a fazer e a aprender. Pensando que grandes resultados começam com pequenas atitudes, qual é a sua contribuição para uma mudança de cenário que permita ao Brasil ter crescimento e ainda assim preservar o meio ambiente? Onde você desperdiça mais energia no seu cotidiano?

Em breve voltaremos a discutir as oportunidades energéticas sustentáveis no Brasil e como elas podem oferecer melhores condições nesta necessária transição energética de um mundo baseado em combustíveis fósseis.

Obrigado pela leitura!

Sobre o Autor: Carlos Eduardo Oliveira

Engenheiro Mecânico - Diretor da Renova Consultoria e Consultor especializado em energia renovável e eficiência energética

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