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SISTEMAS DE COGERAÇÃO – UMA TENDÊNCIA DE FUTURO

Recentemente estive visitando alguns clientes pelo interior do país e aos poucos fui me sensibilizando ainda mais sobre um assunto que ouvi muitas vezes em meu curso de especialização no PECE – USP: a ineficiência energética no setor industrial e alimentício do Brasil.

É comum ouvirmos o quanto nosso agronegócio cresceu e o quanto isto puxou para cima o PIB do Brasil. Mas mesmo sendo um setor tão pujante há tantos anos na esfera agrícola, quando entramos em uma grande maioria de plantas industriais que processam qualquer tipo de commodity, é possível ver um grande desperdício de energia, basicamente no que tange ao aproveitamento dos combustíveis utilizados nas plantas. Como professor de disciplinas de eficiência energética, tenho notado que pouquíssimas pessoas tem conhecimento sobre a real oferta energética do Brasil, principalmente quando não falamos absolutamente apenas da geração elétrica por vias hídricas.

Há mais ou menos seis meses estive em uma planta industrial que possuía caldeiras movidas a óleo combustível para geração de vapor de processo com pressão relativamente baixa, e obviamente subutilizando o poder calorífico do combustível e a eficiência da caldeira. Também possuíam uma conta salgada de energia elétrica, que apesar de já estarem contratados no mercado livre, mostrava um custo relativamente alto energeticamente falando.

Um fato que me causou espanto foi quando notei que os gestores desta indústria não conheciam plenamente o termo cogeração de energia, e fiquei ainda mais espantado por eles não saberem que exatamente este termo seria perfeitamente aplicável na indústria gerida por eles. Cogeração de energia é a definição pela capacidade de geração de energia térmica e elétrica a partir de uma única fonte primária de energia (neste caso combustível).

Em resumo este potencial cliente tinha o seguinte modus operandi:

ÓLEO COMBUSTÍVEL+ENERGIA ELÉTRICA = ATENDIMENTO DO PROCESSO

Esta equação gera alguns pontos extremamente desfavoráveis à eficiência energética em várias indústrias de nosso país. Veja alguns destes pontos abaixo:

1-     Dependência de duas fontes energéticas primárias, que atuando separadamente não conseguem suprir o processo de produção.

2-     Ineficiência da queima de óleo combustível para geração de vapor de baixa pressão. Em alguns casos o combustível também pode ser gás natural, madeira, óleo diesel, sendo assim o que realmente gostaria de salientar é a utilização de qualquer recurso energético de forma ineficiente.

3-     Exposição de oscilações de energia elétrica da rede concessionária, muitas vezes quando o cliente se encontra em um final de linha de alimentação, colocando em risco vários itens da sua produção por qualquer pico de energia, fato muito comum na produção de plásticos, ácidos e outros diversos produtos.

4-     Falta de previsibilidade de custos energéticos no longo prazo, pois a empresa fica suscetível a variações do preço da energia elétrica e também do combustível.

Nossa proposta imediata foi implantar um sistema de cogeração de energia, substituindo as caldeiras movidas a óleo combustível por uma caldeira de biomassa (com farta oferta na região) e a implantação de uma turbina de condensação com extração controlada para geração de energia elétrica e também para a obtenção do vapor de processo nas condições requisitadas pela planta. Um sistema como este, utiliza apenas uma fonte primária de energia para geração de energia térmica e elétrica, aumentando consideravelmente a eficiência energética da planta como um todo.

Com a implantação de um sistema de cogeração a empresa para de ficar dependente de duas fontes energéticas simultaneamente, atua com mais eficiência e ainda muda-se para um patamar ímpar de contribuição com o meio ambiente, trabalhando com uma cadeia produtora de energia sustentável e mais limpa do que a tradicional.

Existem vários exemplos destes pelo Brasil afora. Sua empresa é um deles? Se sim, vamos repensar os conceitos?

Sobre o Autor: Carlos Eduardo Oliveira

Engenheiro Mecânico - Diretor da Renova Consultoria e Consultor especializado em energia renovável e eficiência energética

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